sábado, 7 de novembro de 2009

Um mel sofisticado

Paula Faciroli

Quando alguma abelha se aproxima, a primeira reação que temos é fugir ou espantá-la. O que poucos sabem é que nem todas picam. Existe uma espécie nativa, chamada meliponíneo, que não possui ferrão. Elas têm o de defesa atrofiado e é uma entre as mais de 300 espécies de abelha existentes no Brasil.

Em Franca, o Se Liga descobriu um criador das abelhas sem ferrão. Marco Pignatari começou a se apaixonar por elas desde criança e há cinco anos começou sua relação de trabalho com as mesmas. Fez vários cursos na área e estudou muito sobre a espécie. Hoje é um grande criador da abelha sem ferrão do País. Na chácara onde mora, no Parque Universitário, Pignatari cuida de mais de 350 colônias. O meliponicultor (cuida das abelhas melíponas - sem ferrão) e não apicultor (aquele que se envolve com as abelha apis melífera com ferrão), destaca que o principal interesse pela criação desta espécie nacional está além da produção do mel. O manejo diário também atrai o criador francano. "A venda de mel não é uma coisa imediatista. Para uma grande produção é necessário uma área maior de mata, florestada e úmida", disse.

No entanto, o que difere estes dois tipos de abelhas é a produção. Cada colônia de melípones (sem ferrão) produz entre cinco e seis quilos de mel por ano, dependendo da espécie. Já a Apis (abelha de origem africana e com ferrão) esse número pode chegar a 50 quilos de mel por ano. Por isso seu mel é mais barato. O quilo de mel da Apis custa em média R$ 18. O das melípones custa R$ 80 a mesma quantidade. O sabor das sem ferrão também é mais suave. "Elas possuem o teor de 25 a 36% de umidade, bem mais líquido e leve que o mel da espécie africana", disse.

Além disso, a valorização do produto no mercado externo é ainda maior. "O produto é comparado ao champagne entre as bebidas. Este mel é usado em pratos sofisticados da culinária internacional e serve para dar requinte a sobremesas, por exemplo", esclareceu Pignatari.

O interesse pela compra destas colônias de abelhas sem ferrão tem crescido no Brasil. "As pessoas ainda as compram por hobby para extrair o mel para consumo. Os mais pacientes até pensam em vender posteriormente o produto", disse. Mas isso demora. Pignatari desenvolve o trabalho de multiplicação dessas colônias há cinco anos. "Já sou legalizado pelo Ibama como criador. Agora estou em busca da legalização para passar a criadouro comercial", disse. Isso o transformará em fornecedor de colônias e do mel produzido por elas. Isso, possivelmente, só a partir de 2010.

Uma colônia (que varia de 400 a 5 mil abelhas) custa em média de R$ 100 a R$ 500 a espécie. O preço varia com a produtividade, já que algumas só produzem para se sustentar.

O especialista diz que o papel dessas abelhas é muito importante na produção das plantas nativas. A polinização dessas abelhas geram novas sementes e as plantas dependem da polinização dos insetos. "Há estudos que comprovam: onde elas vivem há mais frutos por área. Elas incrementam a produção dando mais qualidade ao fruto", disse.

Fonte: http://www.comerciodafranca.com.br/materia.imprimir.php?id=47771

Francisco Carlos Alencar
Meliponário Alencar
São Luis-MA

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