quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Abelhas sem ferrão a peso de ouro

Caros amigos,

Encontrei essa matéria da revista Globo Rural sobre o Ezequiel de Macedo, um exemplo para a meliponicultura, aproveitem!

Dezoito de maio é data dourada para Ezequiel de Macedo, um dos mais respeitados meliponicultores do país, nascido em Caicó, no Rio Grande do Norte, mas aninhado desde menino em Jardim do Seridó, no sul do estado. Todo ano, neste dia, mune-se de garfo, faca e peneira de ouro maciço (18 quilates), abre o portão de acesso ao meliponário central com chave também feita de ouro e começa a colher mel, repetindo ritual iniciado em 1994, quando constatou que poderia viver da criação de abelhas nativas, sua paixão. O ouro, atestam amigos e parentes, não significa ostentação. É sinal de respeito. É um modo peculiar de agradecer às abelhas, especialmente à jandaíra (Melipona subnitida), pela produção. 'Ela é de ouro', afirma Ezequiel, referindo-se às características da espécie, cujo mel, apreciado pelas populações nordestinas pelo sabor, qualidades medicinais e valor pecuniário, tem a mesma cor do metal.


A simbologia (ele abre e fecha a colheita com chave de ouro; usa o garfo e a faca para furar potes de mel e a peneira para coá-lo) também tem como propósito valorizar a marca Jandermm – Jandaíra de Ezequiel Roberto Menezes de Macedo, seu nome inteiro, e a produção local, perpetuando as tradições. 'Sou homem antigo (tem 27 anos). Sempre que posso, procuro resgatar costumes do passado', justifica, evocando coronéis dos séculos 19 e 20, senhores da vida e da morte no sertão, que comiam com talheres de ouro e gostavam de coalhada com mel de jandaíra. O 'velho' Ezequiel, secretário do meio ambiente do município e pau-para-toda-obra da paróquia local, aniversaria em dezembro, mês de festas e esperanças. Ao completar seis anos de idade, somou aniversário, Natal e Ano Novo e pediu um presente inusitado: uma colmeia de jandaíra. O pai, tradicional criador de gado no Seridó, região que abriga população aproximada de 250 mil pessoas e abrange mais de 2,3 mil quilômetros quadrados de caatinga no sul do Rio Grande do Norte e norte da Paraíba, estranhou, mas acedeu. 'Eu ficava apenas acompanhando o zumbizum dos bichinhos, como se fosse um brinquedo especial no qual não devesse tocar, embora já soubesse que elas não picam, pois têm o ferrão atrofiado, diferentemente das espécies européias ou africanizadas (Apis mellifera)', lembra. Aos 14 anos, passou da observação à prática e virou meliponicultor, apesar do descrédito geral.

Abelhas do sertão
As abelhas nunca foram exploradas racionalmente no Nordeste. Os sertanejos limitavam-se à coleta, destroçando as colmeias e queimando árvores onde se aninhavam. Quando muito, colocavam-nas em cabaças ou madeira ocada e as levavam para perto de suas moradias, para aproveitamento posterior. 'Ninguém atinava para a possibilidade de ganhar dinheiro com espécies nativas', rememora. O próprio Ezequiel vacilou em anos de seca brava, ocasiões em que a produção de mel é tão pequena que não compensa extraí-lo. 'Nessas condições, o melhor a fazer é deixá-lo como reserva para nutrir o enxame em dias de penúria', ensina. Quando o inverno (época das chuvas) é bom, a 'safra' vai de abril a julho, estendendo-se eventualmente até agosto, dependendo da umidade e floração. Em abril de 1994, por exemplo, ele quase desistiu, embora tivesse 80 colmeias em condições de produção. Sopesou algumas delas para avaliar o conteúdo e sentiu-as leves. Vazias. Furou potes, e nada. Voltou desanimado em 18 de maio mas, para sua surpresa, os potes estavam cheios. Gordos. Ele colheu até 20 de setembro, época habitualmente seca. Naquele ano, choveu bastante. A caatinga, vegetação geralmente espinhenta, arbustiva e rala, dominada por cardeiros, xique-xique e outras cactáceas, esverdejou e permaneceu florida durante meses. Neste ano choveu menos mas mesmo assim colheu quase dois mil litros.

É abenautas... ótimos passos para serem seguidos, passando pelo caminho da preservação ambiental até chegar ao "caminho de ouro" é isso ai! Grande abraço.

Fonte: http://revistagloborural.globo.com/EditoraGlobo/componentes/article/edg_article_print/1,3916,355204-1641-1,00.html

Francisco Carlos Alencar
Meliponário Alencar
São Luis - MA

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Cuidado com a Irapuá!

Caros abenautas,

Recentemente recebi uma visita indesejável, eram as abelhas da espécie Irapuá ( Trigona spinipes), é uma abelha social brasileira, da subfamília dos meliponíneos, de coloração negra reluzente, mede cerca de 5,0 a 6,5 mm. Não possui ferrão, nem dá picadas, quando muito se enrosca no cabelo das pessoas e isso acontece pois seu corpo está normalmente coberto por resinas de árvores como o pinus e o eucalipto.

O mel dessa abelha é às vezes tóxico e pode até matar, não se sabe ao certo o porquê da toxidade do mel da irapuá, mas essa abelha costuma pegar excremento para formar a parte externa do ninho. Seus ninhos são aéreos, de formato oval, apoiados em forquilhas de árvores ou em cupinzeiros abandonados. No ninho destaca-se a presença de uma consistente massa composta de materiais diversos, tais como: restos de casulos, abelhas mortas, excrementos e resinas.

Bem, a visita foi classificada de indesejável, porque essa espécie é agressiva, podendo atacar outras abelhas sem ferrão, fato que infelizmente já ocorreu aqui no meliponário. Elas tentam invadir a colméia em busca de alimento, e acabam brigando com as defensoras, o que ocasiona muitas mortes, inclusive a da própria colônia invadida, se essa for muito nova ou fraca.

A única solução para se livrar do incômodo, é eliminar os indivíduos que vão aparecendo, antes que possam retornar ao seu enxame e avisar a outras centenas de operárias da existência de um belo local para ser saqueado. O combate com veneno não é indicado, devido a existência das outras abelhas e também pelo fato de não matar a rainha que fica no ninho e continua produzindo novas operárias, milhares delas.

Além dos possíveis ataques a outras abelhas, elas ainda destroem botões florais de algumas plantas. Para fazer seus ninhos elas utilizam fibras de vegetais. Costuma ser um problema para os produtores de citros. Elas atacam flores e folhas novas até a casca do tronco da planta para retirar resina. Quando as plantas estão em flor o prejuízo é ainda maior, pois a irapuá faz um orifício nos botões florais prejudicando a frutificação. O crescimento das plantas também é retardado devido ao ataque destas abelhas. além dos citros atacam também bananeiras, jabuticabeiras, jaqueiras, mangueiras, pinheiro-do-paraná, entre outros.

No Estado de São Paulo, já é considerada como praga, pois há um ninho de abelhas irapuá a cada 500 metros, por isso é importante controlar a formação de ninhos nas proximidades.
A solução, adotada por muitos agricultores, é a destruição de alguns cortiços à noite, quando as abelhas não voam. A recomendação é do estudioso das abelhas brasileiras, Paulo Nogueira Neto. Ele explica que embora necessária, porque é uma grande polinizadora, a irapuá, causa muito prejuízo, porque perfura a base das flores ainda fechadas, em busca de néctar.


Enquanto eu eliminava as invasoras, as tiúbas também chegavam no local para entrar na briga!

Detalhe, essa abelha também é conhecida pelos nomes de: abelha-cahorro, abelha irapuã, arapica, arapu, arapuá, aripuá, axupé, caapuã, cabapuã, enrola-cabelo, guaxupé, irapuá, mel-de-cachorro, torce-cabelo, cupira e urapuca. Ufa!

Fonte:

http://nasasaneamento.com.br/content/view/125/82/

http://www.vivaterra.org.br/insetos.htm


Até a próxima...

Att,

Francisco Carlos Alencar
Meliponário alencar
São Luis - MA


 
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